«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aquisições de fim-de-semana

Hoje em dia vamos às livrarias e ficamos quase sempre com a sensação de que as editoras portuguesas andam praticamente todas a publicar o mesmo tipo de livro sem interesse. No sábado, contudo, encontrei na Letra Livre duas curiosidades de outros tempos: Aventuras do Trinca-Fortes - Pequena história de Camões e do seu poema, de Adolfo Simões Müller, com ilustrações de Júlio Resende, e Dicionário de Milagres, de Eça de Queirós.

Simpatizo imenso com textos que ficcionam episódios da vida de escritores, mesmo quando contados às criancinhas. Não se publica o suficiente sobre este tema.
(Um dos meus textos preferidos em língua portuguesa tem uma inspiração semelhante. Intitula-se «Super Flumina Babylonis» e gira em torno daquele que poderia ter sido o dia em que Camões começou a escrever «Sôbolos rios que vão por Babilónia». Por acaso, o conto de Jorge de Sena está online: é aproveitar.)





Quanto ao Dicionário de Milagres, parece-me um livro delicioso. Não sendo francamente tranquilizador quanto à autenticidade do texto publicado, o posfácio de Luiz Pacheco
(«Não se trata de uma edição crítica, muito menos de uma edição erudita ou apologética. Procurou-se, isso sim, facilitar ao leitor de 1980 o contacto com um texto, emendando gralhas evidentes e, em tal tarefa, muito ajudados fomos por uma cópia dactilografada do sr. Onair de Carvalho, tio do Poeta António Manuel Couto Viana, que no Porto, decerto na Biblioteca Nacional, amorosa e pacientemente copiou o livro todo e anotou-o […]») como que aponta, de certo modo, para a possibilidade de haver no livro um ou outro milagre de índole ligeiramente neo-abjeccionista.

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